Nova proposta sobre cidadania italiana pode mudar o futuro dos bisnetos: exigência de italiano nível B1 entra no debate

Gabriela Pimentel

12/1/20253 min ler

brown and white buildings at daytime
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Você é bisneto de italiano?
Pensa em iniciar o processo de cidadania?
Ou já está no meio de uma busca documental que envolve gerações anteriores?

Uma nova proposta apresentada em Roma reacendeu um debate que promete impactar milhões de descendentes ao redor do mundo — especialmente na América do Sul. A iniciativa sugere que bisnetos e futuras gerações só poderão ter a cidadania italiana reconhecida mediante comprovação de proficiência em italiano nível B1.

A seguir, explicamos:

  • O que essa proposta significa;

  • Quem seria afetado;

  • Como funcionaria a exigência do nível B1;

  • O que muda — e o que permanece igual — nas regras de jus sanguinis (direito de sangue);

  • E o impacto direto para famílias em busca da cidadania italiana.

O que motivou essa nova proposta sobre cidadania italiana?

A proposta foi apresentada pelo Movimento Associativo Italianos no Exterior (MAIE), por meio do deputado Franco Tirelli, eleito na América do Sul. O texto foi protocolado na Câmara dos Deputados em Roma, com apoio de figuras importantes do movimento, como Ricardo Merlo, Mario Borghese e Antonio Iachini.

Segundo o MAIE, a intenção é reformular pontos essenciais da legislação atual, especialmente após o governo italiano aprovar — recentemente — um decreto restritivo que limita o reconhecimento automático da cidadania para descendentes nascidos fora da Itália.

Por que essa proposta surgiu agora?

De acordo com o presidente do MAIE, Ricardo Merlo, a Itália enfrenta uma crise demográfica e, por isso, precisa fortalecer o vínculo cultural com a diáspora italiana no mundo.

Para ele, exigir o nível B1 seria uma forma de:

  • Garantir que novos cidadãos mantenham ligação real com a cultura italiana;

  • Valorizar a língua;

  • Criar um critério objetivo para as gerações mais distantes.

O que é o nível B1 de italiano?

O nível B1 faz parte do Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas (QECR). É o mesmo nível cobrado para quem solicita cidadania italiana por casamento (jure matrimonii).

Com o B1, a pessoa deve ser capaz de:

  • Compreender textos claros sobre assuntos do dia a dia;

  • Se comunicar em situações cotidianas;

  • Descrever experiências, planos e justificativas simples.

O certificado deve ser emitido por instituições reconhecidas pelo governo italiano, como:

  • CILS – Universidade de Siena

  • CELI – Universidade de Perugia

  • PLIDA – Sociedade Dante Alighieri

  • CERT.IT – Universidade Roma Tre

O que permanece igual: filhos e netos continuam com direito automático

Um ponto fundamental da proposta é que filhos e netos de italianos não seriam afetados.

Eles continuam tendo direito à cidadania sem prova de proficiência linguística, independentemente de:

  • Terem nascido na Itália ou fora dela;

  • A família ter mantido ou perdido a cidadania ao longo das gerações;

  • Existir ou não contato cultural com o país.

Esse ponto busca preservar a regra histórica do jus sanguinis, que sempre reconheceu o direito de sangue até onde a linhagem conseguisse ser comprovada documentalmente.

E o que mudaria a partir dos bisnetos?

A partir da 3ª geração, segundo o deputado Franco Tirelli, o reconhecimento da cidadania só seria concedido mediante:

  • Apresentação do certificado B1;

  • Comprovação de conhecimento básico de língua e cultura italiana.

O argumento do parlamentar é que isso garantiria que cidadãos recém-reconhecidos tenham “relação genuína” com a Itália.

Além disso, o MAIE acredita que a proposta poderia funcionar como resposta jurídica ao decreto governamental, que o movimento considera inconstitucional e possivelmente contestável no Tribunal Constitucional italiano.

Repercussão política e reação das comunidades italianas no exterior

Mesmo com apoio parlamentar modesto — apenas um deputado e um senador — o MAIE acredita que pode ampliar sua base e levar o tema para debate no Senado.

Como a comunidade recebeu a proposta?

  • Para muitos descendentes, especialmente na América do Sul, o projeto traz preocupação, já que o B1 pode se tornar uma barreira.

  • Outros enxergam a medida como equilibrada, especialmente porque já existe uma ampla rede de escolas e institutos de língua italiana no mundo.

A informação foi inicialmente publicada pelo portal Italianismo, que acompanha de perto as movimentações políticas sobre cidadania e imigração.

O que ainda pode acontecer?

O projeto seguirá agora para análise no Parlamento italiano, onde poderá sofrer:

  • Emendas

  • Revisões

  • Consultas públicas

  • Negociações entre partidos

Ou seja: nada muda imediatamente. Mas acompanhar os próximos passos será essencial para quem pretende iniciar ou concluir o processo de cidadania.

Se você é bisneto ou está planejando sua cidadania italiana, agora é a hora de agir

Mudanças como essa, quando ganham força política, costumam criar:

  • corre-corre de documentos,

  • fila nos consulados,

  • aumento de demanda em processos judiciais,

  • e elevação no tempo de espera.

Se você tem direito pela via administrativa ou pretende ingressar com ação judicial (fila longa ou via materna), antecipar-se pode evitar que uma alteração legislativa futura afete seu caso.

Fale com especialistas em cidadania italiana

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Nós somos especialistas em cidadania italiana — tanto pela via judicial quanto pela via administrativa — e podemos orientar desde a busca documental até a conclusão do processo.